Nos dias 28 e 29 de de julho de 2011, eu e arientedora desta pesquisa, participamos como ouvintes do IX WORKALIB, elaborado pela equipe do projeto Atlas Linguístico do Brasil- Regional da Bahia. O encontro foi crucial para alguns esclarecimentos metodologicos no que concerne a elaboração das cartas fonéticas do Atlas Linguístico do Acre- Regional do Purus, além de possibilitar a troca de experiencias e conhecimentos com pesquisadores de todo o Brasil. De minha parte, fico grata pela oportunidade e pelas contribuições ao meu trabalho, sem falar que é sempre bom poder retornar a uma bela cidade como Salvador, ornada ao mesmo tempo pela preservação histórica e as arquiteturas modernas.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
A Universidade Federal do Acre realiza Simpósio de 7 a 11 de novembro DE 2011
Universidade Federal do Acre
Programa de Mestrado em Letras – Linguagem e Identidade
Coordenação do Curso de Pedagogia
Centro de Estudos Culturais Africanos e da Diáspora - PUC/São Paulo
A Universidade Federal do Acre (Ufac) e o Centro de Estudos Culturais Africanos e da Diáspora da PUC/São Paulo realizam de 7 a 11 de novembro, no campus universitário, a 5ª edição do Simpósio Linguagens e Identidades da/na Amazônia Sul-Ocidental e a 4ª edição do Colóquio Internacional As Amazônias, as Áfricas e as Áfricas na Pan-Amazônia.
Este ano, em parceria com a coordenação do curso de pedagogia, também ocorre na mesma data a 15ª Semana de Educação da Ufac, trazendo como proposta central a abordagem acerca das diferentes linguagens que se entrecruzam no campo da educação escolar, em especial, e suas implicações no pensar e no fazer dos professores.
Por meio de conferências, debates, minicursos e oficinas, serão promovidas reflexões sobre o tempo e o espaço, categorias que têm sido negligenciadas em muitos debates e textos acadêmicos da atualidade.
“O eixo articulador destes três eventos é não somente pontuar a importância dessas categorias para a compreensão das muitas formas de expressão, linguagens e relações sociais amazônicas, mas, fundamentalmente, situar a historicidade de suas formulações, as tensões e os embates que marcaram e continuam a marcar a produção de discursos, inventando e inventariando essa região, com seus territórios, culturas e gentes no mundo moderno”, observa o coordenador-geral do simpósio, professor Gerson Albuquerque.
A temática linguagens e educação permeará as discussões, norteando as atividades propostas durante esses três eventos. Além de pesquisadores e estudantes universitários, alunos e professores de ensino médio podem participar.
As inscrições à comunidade em geral já estão abertas e se estendem até 7 de outubro. São feitas gratuitamente pela internet no sítio www.simposioufac.com. Já os interessados em apresentar pôsteres ou comunicações orais, podem inscrever-se até 31 de julho.
DIVULGANDO RELEASE DO EVENTO ENCONTRADO EM: www.simposioufac.com.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
ALIAC: Sena Madureira, última localidade investigada na Região do Purus.
Iniciamos nesta Sexta feira, 10 de junho de 2011, a pesquisa de campo no município de Sena Madureira-Ac.
Dos três munípios que constituem a Regional do Purus, Sena Madureira foi o primeiro a ser fundado, em 25 de setembro de 1904.
PONTE JOSÉ NOGUEIRA SOBRINHO, ENTRADA DA CIDADE.
Dos três munípios que constituem a Regional do Purus, Sena Madureira foi o primeiro a ser fundado, em 25 de setembro de 1904.
PONTE JOSÉ NOGUEIRA SOBRINHO, ENTRADA DA CIDADE.
sábado, 4 de junho de 2011
Atlas Linguístico do Acre: Pesquisa de campo em Santa Rosa do Purus
A pesquisa de campoo no município de Santa Rosa do Purus foi iniciada no dia 25 de Maio e finalizada no dia 1º de junho de 2011. A investigação foi feita por mim e por minha orientadora, Lindinalva Messias.
Durante o período que permanecemos em Santa Rosa do Purus, contamos com a colaboração de muitos moradores da localidade: informantes, amigos e principalmente do prefeito José Brasil e esposa, João Narcísio,Galvão, Edirseu, Jansem e outros amigos como Gaibu, Daniela.
Breve fotos da localidade.
Durante o período que permanecemos em Santa Rosa do Purus, contamos com a colaboração de muitos moradores da localidade: informantes, amigos e principalmente do prefeito José Brasil e esposa, João Narcísio,Galvão, Edirseu, Jansem e outros amigos como Gaibu, Daniela.
Breve fotos da localidade.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Seleção de Mestrado em Linguística Aplicada 2º / 2011
O Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada da Universidade de Brasília torna público o edital do processo seletivo para o segundo semestre de 2011. Serão oferecidas 20 vagas. Para a prova de compreensão de textos em língua estrangeira, os candidatos poderão optar pelas línguas inglesa, francesa e espanhola. As inscrições estarão abertas no período de 12 a 31 de maio de 2011.O edital completo pode ser encontrado em:
www.pgla.unb.br
Divulgado pela Universidade de Brasília
www.pgla.unb.br
Divulgado pela Universidade de Brasília
terça-feira, 17 de maio de 2011
TRABALHOS ACADÊMICOS
Resumo sobre a estrutura e formatação de trabalhos
acadêmicos (TCC, Monografias, outros) com base na terceira edição da NBR 14724
(2011)
http://www.praticadapesquisa.com.br/2011/05/apresentacao-de-trabalhos-academicos.html
Enviado por: Prof. Alejandro Knaesel Arrabal
segunda-feira, 9 de maio de 2011
ATLAS LINGUÍSTICO DO ACRE (ALIAC) CARTAS FONÉTICAS E REALIZAÇÃO DO / S/ PÓS-VOCÁLICO NA REGIÃO DO PURUS
RESUMO
No quadro atual dos estudos geolinguísticos, pesquisas significativas estão sendo desenvolvidas, dentre as quais podemos mencionar os atlas linguísticos regionais como é o caso do Atlas Linguístico do Acre – ALiAC. Neste projeto de pesquisa, que faz parte do ALiAC, temos por objetivo elaborar as cartas fonéticas referentes à Regional do Purus do mencionado Estado e, ainda, analisar as realizações do /s/ pós-vocálico nessa região. Para a coleta de dados, a ser realizada em três municípios da Regional do Purus no referido Estado, Manoel Urbano, Santa Rosa do Purus e Sena Madureira, serão utilizados os questionários semântico- lexical (QSL) e fonético-fonológico (QFF) do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Serão doze informantes no total, 4 por localidade, sendo dois homens e duas mulheres distribuídos em duas faixas etárias (de 18 a 30 e de 45 a 60 anos), com nível de escolaridade que vai da alfabetização até a 4ª série do Ensino Fundamental. No que se refere ao aspecto fonético específico em análise, o estudo será feito por meio de programa computadorizado de análise da fala.
Palavras-chave: Atlas Linguístico. Cartas Fonéticas. /s/ pós-vocálico.
Texto completo : http://www.filologia.org.br/revista/46sup/06.pdf
A CONSTRUÇÃO DE UM CORPUS: O /S/ EM POSIÇÃO DE CODA SILÁBICA
Gracione Teixeira de Sousa1
4. A constituição de um corpus linguístico em linhas gerais
Lindinalva Messias do N. Chaves2
RESUMO
Neste trabalho, inserido no âmbito de nossa dissertação no Mestrado de Letras da Universidade Federal do Acre, temos como objetivo apresentar alguns critérios teórico-metodológicos referentes à construção do corpus a ser analisado na referida dissertação. Como a pesquisa está, por um lado, ancorada nos referenciais da Geolinguística, estreitamente ligada à Dialetologia, seguimos a metodologia do Atlas Linguístico do Brasil e adotamos várias questões dos questionários semifechados, elaborados pela equipe do ALiB; contudo, tais perguntas com as respostas não se revelaram suficientes para dar conta de todos os contextos linguísticos de ocorrência do /s/ em coda silábica, objeto específico de nosso estudo. Dessa forma, com base nos parâmetros da Fonética, haja vista que a análise específica ocorrerá no plano da Fonética Articulatória e da Fonética Acústica, complementamos os contextos lacunares. Além da previsão dos fatores linguísticos necessários para a análise dos segmentos em questão, como, por exemplo, a natureza sonora da consoante seguinte, que irá determinar o alofone realizado, atentamos para critérios advindos da Dialetologia e da Geolinguística, já citadas, de forma que o corpus possa ser representativo dos falares da região em que as entrevistas serão realizadas, a regional do Purus no Estado do Acre.
PALAVRAS-CHAVE: Corpus, Fonética, /S/ pós-vocálico.
____________________________________________________________
1Aluna do Mestrado em Letras - Linguagem e Identidade da Universidade Federal do Acre-UFAC
2Professora doutora do Mestrado em Letras da Universidade Federal do Acre - UFAC
Considerações Iniciais
Sabe-se que um trabalho de pesquisa depende, em grande parte, do corpus examinado; nesse aspecto, equívocos ou lapsos cometidos em relação aos textos, orais ou escritos, em estudo, podem comprometer de forma significativa a qualidade dos resultados. Neste sentido, o presente estudo objetiva apresentar os critérios teórico-metodológicos de constituição de um corpus com contextos linguísticos específicos para as realizações do /s/ em posição de coda silábica, objeto de análise do projeto de dissertação a ser desenvolvida no Mestrado de Letras da Universidade Federal do Acre.
No que se refere à conceituação de corpus linguístico, utilizamos as concepções de Cristal (2000) e de Zavaglia e Ferraresi (2006) e apresentamos alguns corpora constituídos no Brasil, no âmbito da Linguística e da Lingua Portuguesa como o NURC - Projeto de Estudos da Norma Linguística Urbana Culta, o PEUL - Programa de Estudos sobre o Uso da Língua, o VARSUL - Variação Linguística Urbana na Região Sul e o AliB - Atlas Linguístico do Brasil, enfatizando a constituição de cada um. Nesse aspecto, uma abordagem, ainda que breve e inicial, da Linguística de Corpus se faz naturalmente presente.
Dessa forma, faremos algumas considerações sobre a construção de um corpus linguístico em linhas gerais e, em seguida, apresentaremos em duas partes a constituição do corpus linguístico que será objeto de estudo de nossa dissertação, intitulada Atlas Linguístico do Acre: Cartas Fonéticas e Realização do /s/ pós-vocálico na Região do Purus. Na primeira parte, serão utilizados os questionários fonético-fonológico e semântico-lexical do AliB para a elaboração das cartas fonéticas de três localidades dessa regional e, na segunda parte, apresentaremos o processo de elaboração de um questionário fonético específico, voltado para a obtenção do /s/ em contextos linguísticos pré-determinados, a saber: em posição final absoluta; no interior da palavra, diante de consoante sonora; no interior da palavra, diante de consoante surda; no final de palavra, diante de consoante sonora; no final da palavra diante de consoante surda e no final de palavra diante de vogal.
1. Conceitos do item lexical corpus
De forma geral, corpus é um elemento definido como um conjunto de textos produzidos para fim de análises, tendo alguns autores se debruçado sobre esse assunto no que toca aos estudos linguísticos.
Segundo Cristal (2000, p. 70), corpus “é um conjunto de dados linguísticos, seja em textos escritos ou em uma transcrição de uma fala gravada, que pode ser usado como ponto de partida para uma descrição linguística ou uma maneira de verificar uma hipótese a respeito da língua”.
Zavaglia e Ferraresi (2006, p. 3) definem o item lexical corpus “[...] como sendo um conjunto de textos produzidos em uma determinada língua natural que caracteriza e reflete o uso sincrônico dessa língua em uma comunidade linguística, podendo variar entre o registro falado e o escrito.
Em outras palavras, um corpus linguístico é um conjunto de representação da lingua(gem) de um grupo de falantes, construído com o intuito de se realizar estudos sobre tais representações.
2. Linguística de Corpus
Ao se falar de corpus e corpora, não poderíamos deixar de mencionar a Linguística de corpus, originada na década de 60 com o corpus Brown e que, segundo Sardinha (2000),
ocupa-se da coleta e exploração de corpora, ou conjuntos de dados linguísticos textuais que foram coletados criteriosamente com o propósito de servirem para a pesquisa de uma língua ou variedade linguística. Como tal, dedica-se à exploração da linguagem através de evidências empíricas, extraídas por meio de computador.
Tal conceito se assemelha ao conceito dado por Tagnin, (2004), em que um corpus “é uma coletânea de textos em formato eletrônico, compilada segundo critérios específicos, considerada representativa de uma língua (ou parte que se pretende estudar), destinada à pesquisa”.
Diante desses conceitos, é possível afirmar que, para os estudiosos da área, o uso da tecnologia computacional é primordial, haja vista a informatização dos dados, facilitando o armazenamento e o acesso a esses arquivos; isso tem gerado um número maior de corpora, que “vêm sendo utilizados como grandes registros de língua falada e escrita” (RIBEIRO, 2004, p. 162).
Segundo os estudos de Sardinha, (2000), já existia corpora antes do computador. A saber, o sentido primeiro do termo ‘corpus’ é ‘corpo’, “um conjunto de documentos”, o que não vem a ser um conceito moderno, considerando-se que os povos mais antigos, como na idade média, já elaboravam corpora de documentos bíblicos. Conforme lembra o autor, esses corpora não eram eletrônicos, como na atualidade, e sim coletados manualmente. Sardinha afirma ainda que apesar de no passado, a partir do século XX, muitos pesquisadores tenham se interessado por estudos da linguagem com o uso de corpora, a ênfase era quase sempre no ensino de línguas, diferentemente de hoje, quando se enfatiza a descrição da linguagem, com recente interesse pelo uso de cunho pedagógico.
É certo que, depois do corpus Brown, muitos outros corpora já foram criados, tanto na língua inglesa, como na portuguesa, e, para conhecê-los, basta nos debruçarmos sobre toda a história da Linguística de corpus; no entanto, neste momento, o que nos interessa realmente é apresentar esta área de conhecimento e dizer que nos dias atuais esta tem sido de grande relevância para os estudos sobre a linguagem e para várias pesquisas linguísticas, de âmbitos diversos, visto que o corpus continua a ser a fonte mais utilizada para os estudos da linguagem.
3. Alguns corpus constituídos no Brasil (no âmbito da Linguística e da Língua Portuguesa): NURC, PEUL, VARSUL e ALIB
Conforme CUNHA (2006), o período de 70 a 90 no Brasil deu origem a grandes corpora embasados na sociolinguística, como o NURC, O PEUL e o VARSUL, sobre os quais faremos um breve apanhado.
O NURC – Projeto de estudos da Norma Linguística Urbana Culta, instaurado em 1969 em São Paulo, no III Instituto Interamericano de Linguística, recobre cinco localidades: Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. O corpus foi constituído por inquéritos diretos e indiretos de 600 informantes nascidos na localidade e que tinham a Língua Portuguesa como língua materna, considerando ainda o gênero (masculino e feminino), a faixa etária (25 a 35 anos; 36 a 55 anos; acima de 56 anos), e a escolaridade (nível superior).
Quanto ao projeto PEUL, Programa de Estudos sobre Uso da Língua, é um grupo de pesquisa em que atuam professores de diferentes correntes teóricas da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Universidade Federal Fluminense -UFF e Universidade Nacional de Brasília - UNB. O foco da pesquisa é a variação e a mudança linguística no contexto social, ancorada pelos pressupostos da geolinguística quantitativa. O corpus, também chamado de corpus censo, comporta 48 horas de gravação de 64 falantes, (SILVA, 1996a apud PAIVA; SCHERRE, 1999) e foi construído a partir de discurso monitorado semi-informal, considerando as variáveis convencionais como sexo, idade e escolaridade. O projeto centra considerações em fatores internos e externos da linguagem com o objetivo de validar estudos linguísticos em suas diferentes representações (PAIVA; SCHERRE, 1999).
O VARSUL – Variação Linguística Urbana na Região Sul, trabalha com a representação da fala das áreas urbanas de três localidades: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O grupo é composto por pesquisadores das universidades federais dos estados mencionados e pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O corpus VARSUL é constituído por 228 entrevistas, coletadas em doze cidades, sendo um número de quatro por localidade (CUNHA, 2006). Inspirados pelo projeto PEUL, as pesquisas foram realizadas com base nos princípios metodológicos da sociolinguística laboviana. Quanto às variáveis sociais, foram utilizadas as convencionais, idade, sexo, escolaridade. Além das variáveis convencionais, outros fatores foram considerados como a inserção do falante no mercado ocupacional, o grau de exposição à mídia e a sensibilidade lingüística. (PAIVA; SCHERRE, 1999). O projeto VARSUL objetivava obter um banco de dados que representasse a diversidade linguística das localidades da amostra e, sobretudo “subsidiar a descrição do português falado no país”.
O projeto ALIB, que em especial nos interessa, se originou por empreendimento de uma equipe de pesquisadores em Dialetologia da Bahia, e teve início em 1996. O comitê Nacional do ALiB conta com estudiosos de várias instituições: Universidade Federal da Bahia – UFBA; Universidade Federal da Paraíba – UFPB; Universidade Federal do Ceará – UFC; Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF; Universidade Estadual de Londrina - UEL, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRS, Universidade Federal do Mato Grosso - UFMS e Universidade Federal do Pará - UFPA. O ALiB pretende documentar todo o Brasil, definido por 250 pontos de inquéritos, com 1.100 informantes, 8 nas capitais e 4 nas demais localidades. O projeto está ancorado por uma metodologia fundamentada nos pressupostos da Geolinguística pluridimensional, que se utiliza dos parâmetros diatópicos, acrescidos da variação diagenérica, diageracional e outras (MOTA, 2006, p.20, 22, 29). O corpus se constitui(rá) de dados obtidos por meio de três questionários: Questionário fonético-fonológico – QFF, com 159 perguntas; Questionário semântico-lexical – QSL, com 202 perguntas, e Questionário morfossintático – QSM, com 49 perguntas. Há, ainda, questões de pragmática (QP) e perguntas de ordem metalinguística (PM) (MOTA, 2009, p.14). Os questionários serão aplicados a “informantes naturais da localidade investigada, não tendo se afastado dela por mais de 1/3 de sua vida”, sendo a escolha desse informante feita a partir de variáveis como: idade, de 18 a 30 e de 50 a 65 anos; gênero, masculino e feminino; e escolaridade, alfabetizados, a princípio tendo cursado até a 4ª série com flexibilização até a 8ª série). (CASTRO, 2009, p. 349).
Com rigor e dedicadas pesquisas, o projeto ALiB objetiva, além de descrever a realidade linguística do Brasil com vistas a traçar uma divisão dialetal, constituir uma base de dados significativa para estudos sobre a lingua portuguesa (Comitê Nacional do ALiB, 2001).
Tomando por base os critérios da Geolinguística, tal como nos corpora aqui mencionados, em especial o ALiB, anotamos aqui algumas preocupações, já que de acordo com BIDERMAN (2001 apud ZAVAGLIA; FERRARESI, 2006): “[...] Quando se projeta um corpus visa se extrair de sua observação generalizações sobre a língua”. Neste sentido, o pesquisador deve atentar para todos os elementos necessários à abordagem que irá empregar, seja no âmbito da Fonética, da Sociolinguística, da Dialetologia ou de qualquer outra área do conhecimento.
Com efeito, os elementos para a constituição de um corpus linguístico irão depender, em grande parte, da metodologia adotada e do objeto que se pretende especificamente estudar, no entanto, existem alguns pontos que são relevantes a toda pesquisa, como por exemplo: Se não é um corpus constituído, como o pesquisador irá obter esses dados? Qual a metodologia utilizada para a aquisição e análise desses dados? Se optar por uso de questionários, sejam eles diretos ou indiretos, ou ainda entrevistas livres, que contextos deverão contemplar as perguntas ou as temáticas?
Segundo Corrêa (1998), “o levantamento de fatores condicionadores é uma das etapas mais importante do método, especialmente porque é o passo que revela as correlações entre as variáveis e o meio externo. Postular fatores que estejam implicando a escolha de determinado som em detrimento de outro”. Os fatores condicionadores são subdivididos em dois grupos: linguísticos e extralinguísticos. Ainda como anota Corrêa (1998), os fatores linguísticos são aqueles que estão embutidos na própria língua, como ambiente fonológico precedente e subsequente, tonicidade da sílaba, classificação lexical da palavra e outros, enquanto os fatores extralinguísticos ou sociais são aqueles ligados à situação da fala e ao perfil do informante.
Como anota Aguilera, “toda pesquisa de campo, em especial as da área da geolinguística, exige que os procedimentos sejam bem definidos e se ajustem adequadamente tanto aos objetivos a serem alcançados como ao contexto social em que o pesquisador irá atuar” (AGUILERA, 2007. p. 2929).
5. Construindo um Corpus: Questionário Fonético Específico para análise do /s/ em posição de coda silábica
Este estudo, elaborado a partir da orientação metodológica do ALiB, por conseguinte da Geolinguística, está dividido em duas partes: na primeira, temos como objetivo elaborar as cartas fonéticas da Regional do Purus, realizando gravações em 3 localidades, Sena Madureira, Manoel Urbano, Santa Rosa. Nesta primeira parte, não haverá problemas quanto à constituição do corpus visto que serão aplicados os questionários do ALiB, que são adotados por grande número de atlas regionais.
Na segunda parte do trabalho, temos por objetivo analisar, por meio de metodologias modernas da Fonética, as realizações do /s/ em posição de coda silábica na fala dos mesmos informantes da primeira etapa. Para isso, estamos elaborando um questionário específico cujas respostas contenham todos os dados que nos interessam. Isso decorre do fato do Questionário Fonético-Fonológico do ALiB estar voltado para os aspectos fonéticos da língua portuguesa em geral, sem se deter em nenhum em particular.
O questionário, do tipo pergunta/resposta, que denominamos Questionário Fonético - Especifico (QFE), contém 40 perguntas, elaboradas cuidadosamente para obter nas respostas dos informantes palavras contendo o /s/ pós-vocálico nas seguintes posições, já elencadas na introdução a este trabalho: no interior da palavra, diante de consoante surda; no interior da palavra diante de consoante sonora; em final de palavra diante de consoante surda; em final de palavra diante de consoante sonora; em posição final absoluta; em posição intervocálica. Além das perguntas, serão utilizadas gravuras em alguns casos, com a finalidade de tornar claro o referente e garantir respostas mais rápidas e mais seguras. (MOTA, 2008).
O corpus, conforme já foi dito, será coletado na Região do Purus onde serão entrevistados 12 informantes, 4 por local, considerando-se os fatores sociais idade, gênero e escolaridade. Conforme os pressupostos da Geolinguística, os informantes serão moradores nascidos na localidade da pesquisa, assim como seus pais, não tendo se afastado por mais de 1/3 de suas vidas da localidade pesquisada. Quanto ao perfil integral do informante, e aos demais fatores sociais, estes seguem os parâmetros do AliB.
O questionário será aplicado pela própria pesquisadora na localidade concernente ao informante, atentando para que todos os parâmetros, tanto da Geolinguística quanto da Fonética Instrumental, sejam respeitados. Assim, além dos fatores linguísticos e sociais mencionados, há que se obter gravações de boa qualidade para que se prestem a análises da fala por meio de programa computadorizado.
O corpus, ainda em construção, está definido da seguinte forma:
Palavras que contemplem o /s/ nos seguintes contextos. | |||||
Em posição final absoluta | No interior da palavra, diante de consoante sonora: b, d, g, v, l, m, n, R | No interior da palavra, diante de consoante surda: p, t, k, f, s, S | No final de palavra, diante de consoante sonora: b, d, g, v, z, Z, l, m, n, R | No final de palavra diante de consoante surda: p t k f s S | No final de palavra diante de vogal |
arroz | Esbelto | caspa | duas bolas | três panelas | casas amarelas |
duas bolas | transborda/ transbordou | costas | arroz doce | meus pêsames | dois olhos |
três gatos | Desdentado | casca | três gatos | duas tesouras | quem fez isso |
Rasgar | fósforo | duas vacas | nas costas | cheiro nas axilas | |
Desvio | nascer(do sol) | duas zebras | dentes caninos | ônibus urbano | |
Desleal | três janelas | duas folhas | Ônibus interurbano | ||
Desligado | seis laranjas | duas saias | |||
Desmaio | filho mais moço | três chaves | |||
Desnatado | duas noras | ||||
Desregrado | duas rodas |
Apresentamos ainda, alguns exemplos de perguntas, conforme cada contexto apresentado. Vale ressaltar que algumas perguntas das que compõem o QFE são retiradas do QFF e QSL do AliB por conterem os contextos específicos a serem analisados. Nesses casos, no trabalho final, a identificação será feita como nos exemplos 1 e 13 da amostra.
1. ARROZ ( perg. 21, QFF )
... o que se come no almoço, uns grãozinhos brancos que podem acompanhar o feijão, a carne?
8. DESLIGADO
Qual é o contrário de ligado?
13. CASPA ( perg. 124, QFF )
... uma coisinha branca que dá na cabeça da pessoa?
26. DUAS RODAS
Mostramos uma gravura de um carro e digo: um carro tem quatro... e apontamos para as rodas. Depois mostramos a gravura de uma bicicleta e perguntamos: e numa bicicleta são...?
28. MEUS PÊSAMES
Quando vamos a um velório, como é que cumprimentamos os familiares do falecido? Se o informante responder com outras expressões como sinto muito, meus sentimentos, etc, podemos perguntar se existe outra forma expressão.
37. DOIS OLHOS
Todo ser humano tem partes do corpo que são em número de dois. Temos duas pernas, dois braços, dois pés, duas orelhas e...? Apontar para as partes do corpo.
Como se vê, são perguntas simples, sem privilégio por nenhum grupo lexical ou semântico, haja vista a análise a ser realizada ser de cunho fonético e necessitar apenas dos contextos linguísticos apresentados. Há que se ressaltar, ainda, a necessidade de simplificação de perguntas e respostas no intuito de se evitar constrangimentos ou dificuldades para os informantes, em atendimento aos critérios das pesquisas de campo em geral e aos da Geolinguística em particular, conforme já mencionado por Aguilera, anteriormente citada.
Considerações Finais
Do exposto, parece-nos ter ficado claro que os instrumentos de coleta devem ser bem elaborados de acordo com os critérios metodológicos estabelecidos já que eles serão os documentos garantidores das reflexões ou das respostas que se pretende encontrar a respeito do elemento linguístico elencado para estudo. Nesse aspecto, o suporte tecnológico da Linguística de Corpus constitui-se em elemento de grande utilidade.
No que se refere à dificuldade da constituição de um corpus, Fillmore (1992 apud Sardinha, 2000) escreveu: “não há nenhum corpus que contenha toda a informação que eu quero explorar’, mas mesmo assim ‘todo corpus me ensinou coisas sobre a linguagem que eu não teria descoberto de nenhum outro modo”. É o mesmo pensamento de Rossi (apud AGUILERA, 2007, p. 2938) que se expressou da seguinte forma:
Se as cartas não apresentam a nitidez de limites que seria desejável, nem sempre nos cabe a responsabilidade. As razões de serem aquelas e não outras (quem saberia quais?) as perguntas formuladas; de sermos nós e não outros os inquiridores; de serem aqueles e não outros os informantes; de serem as que foram e não outras ( quem poderia dizer quais ?) as localidades escolhidas; de termos dedicado apenas o tempo que dedicamos a cada inquérito, se não estamos enganados deve muitas vezes somar-se a própria natureza do tecido emaranhado que se procura deslindar. (ROSSI, 1965, p. 50).
De nossa parte, consideramos que todo corpus nunca estará completamente terminado, lacunas sempre existirão e isso decorre, entre outros fatores, do próprio caráter de mutabilidade da língua. Trata-se, por conseguinte, de processo permanente de construção.
REFERÊNCIAS
AGUILERA, V. A. O ideal e o real na pesquisa geolinguística: caminhos. 2007, Ileel, 2007. v. 1. p. 2929-2939. Disponível em: http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_023.pdf Acesso em: 02.10.2009
BEBER SARDINHA, T. Linguística de Corpus: histórico e problemática. DELTA, 2000, vol.16, nº.2, p. 323-367. Disponível em: http://.scielo.br/scielo.php?script=iso Acesso em: 02/09/2009
CALLOU, Dinah; LEITE, Yonne. Iniciação à fonética e à fonologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
COMITÊ NACIONAL. Atlas Linguístico do Brasil. Questionários. Londrina: Ed. UEL, 2001.
CORRÊA, Cíntia da Costa. Focalização Dialetal em Brasília: Um Estudo da Vogais Pretônicas e do /s/ Pós-Vocálico. Dissertação de mestrado. Brasília: UFPA, 1998.
CRISTAL, D. Dicionário de linguística e fonética. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
CUNHA, Cláudia de Souza. A importância da organização de uma base de dados para Pesquisas atuais e futuras. 2005. Disponível em: http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4publica-estudos-2006/sistema06/784.pdf Acesso em: 07 out. 2009.
KAMI, J. G. S.; AGUILERA, V. A. Para um Atlas Linguístico do Brasil: A construção dos Questionários. Estudos Linguísticos. São Paulo: Universidade de Taubaté, v.1, n. 1 p. 1-6, 2003. Disponível em: http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/32/htm/comunica/ci118.htm. Acesso em: 05 out. 2009
MOTA, Jacyra Andrade. A metodologia na pesquisa Geolinguística: o questionário fonético-fonológico. Revista Prolíngua, João Pessoa, v.1, n.2, dez. 2008. Disponível em: http://www.revistaprolingua.com.br/category/edicao-atual/. Acesso em 25 out. 2009.
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